O que são debêntures e como funcionam: guia atualizado 2025

Entenda a modalidade de renda fixa e como ela pode fazer parte do seu portfólio de investimentos

Imagem de duas mãos interagindo com uma tela eletrônica exibindo gráfico financeiro com linhas e barras nas cores branca e azul.
Foto: Getty Images/Maria Korneeva

Quando se fala de investimentos, de forma geral, costumam vir logo à mente os mais conhecidos e falados, como ações e títulos públicos, por exemplo. Porém, são diversas as possibilidades disponíveis ao investidor, que, dentro da sua estratégia e perfil, pode encontrar boas oportunidades de ativos com rendimentos atraentes. E as debêntures podem ser uma alternativa.

Mas não basta sair investindo nessa modalidade sem conhecê-la. Afinal, como o risco deste investimento é proporcional ao seu rendimento, é preciso entendê-lo antes de partir para o investimento.

O que são debêntures e como funcionam? 

As debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas que buscam captar recursos no mercado, que podem ser utilizados para financiar projetos, reforçar o capital de giro ou reestruturar dívidas.

Na prática, ao comprar uma debênture, o investidor está emprestando dinheiro à companhia emissora, que se compromete a devolver o valor no futuro, com acréscimos de juros definidos previamente.

Esses títulos funcionam como uma alternativa de financiamento para as empresas e, ao mesmo tempo, como uma opção de investimento em renda fixa para quem busca diversificação além dos títulos públicos e do setor bancário. 

Quem pode emitir debêntures? 

As debêntures podem ser emitidas por sociedades anônimas de capital aberto ou fechado, desde que não sejam instituições financeiras ou companhias de seguro.

No caso de companhias abertas, que têm ações negociadas na bolsa de valores, as debêntures geralmente são ofertadas ao público em geral. Já empresas de capital fechado podem realizar ofertas restritas, voltadas a investidores qualificados, conforme as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Por que as empresas emitem debêntures? 

O principal motivo para as empresas emitirem debêntures é a captação de recursos fora do sistema bancário. Por meio desses títulos, as empresas conseguem levantar dinheiro diretamente com investidores, muitas vezes, com custos mais atrativos.

Os valores obtidos podem ser utilizados para diferentes finalidades, como financiar projetos de expansão, realizar investimentos em infraestrutura, reforçar o capital de giro ou reestruturar dívidas. A finalidade é detalhada na escritura de emissão, trazendo clareza ao investidor sobre o destino dos recursos.

Além disso, a emissão de debêntures permite que a empresa diversifique suas fontes de financiamento e fortaleça sua estrutura de capital, sem abrir mão do controle societário, ao contrário do que ocorre em emissões de ações.

Como é a rentabilidade das debêntures?

A rentabilidade das debêntures é definida no momento da emissão e pode seguir diferentes estruturas. Em geral, os pagamentos ocorrem em datas predeterminadas, e os investidores recebem o valor investido acrescido de juros, conforme as condições estipuladas.

A rentabilidade efetiva das debêntures também pode ser impactada por fatores como o prazo do título, a qualidade de crédito da empresa emissora e as condições do mercado no momento da negociação no mercado secundário.

São três as formas mais comuns de rendimentos das debêntures. Veja:

Debêntures prefixadas 

Nas debêntures prefixadas, a taxa de juros é definida no momento da aplicação e permanece fixa até o vencimento do título. Ou seja, desde o início o investidor sabe qual será o rendimento da aplicação, independentemente de oscilações no cenário econômico.

Essa previsibilidade é uma das principais características desse tipo de debênture. No entanto, ela também implica em maior sensibilidade a mudanças na taxa de juros. Caso as taxas subam após a compra, o título pode perder atratividade no mercado secundário.

Debêntures pós-fixadas 

As debêntures pós-fixadas têm sua rentabilidade atrelada a indicadores financeiros, como o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) ou a taxa Selic. Isso significa que o rendimento final do título só será conhecido no vencimento, pois depende da variação desses índices ao longo do tempo.

Esse tipo de debênture tende a acompanhar o comportamento da economia. Por exemplo, se o CDI ou a Selic subir, a rentabilidade da debênture também tende a aumentar, e se eles caírem, o rendimento pode ser menor.

Debêntures com remuneração híbrida 

As debêntures com remuneração híbrida combinam as características das debêntures prefixadas e pós-fixadas. Elas oferecem uma parte do rendimento fixada previamente, como nas debêntures prefixadas, e outra parte atrelada a um índice de mercado, como o CDI ou a Selic, como nas debêntures pós-fixadas.

Esse tipo de remuneração permite ao investidor maior previsibilidade sobre parte dos rendimentos, enquanto a outra pode variar de acordo com as condições econômicas. 

Tipos de debêntures

Existem vários tipos de debêntures para investir e é importante conhecê-los. Confira alguns deles a seguir!

Debênture simples

É o tipo mais comum. O investimento não pode ser convertido em ações da companhia e o rendimento acontece de acordo com a escritura de emissão.

Debênture comum

São as debêntures que não são incentivadas, ou seja, elas não são isentas de Imposto de Renda e têm tributação, que antes era regressiva em relação ao tempo do investimento. A partir de junho de 2025, uma Medida Provisória publicada pelo governo federal estabeleceu uma alíquota única de 17,5%.

Debênture conversível

Neste caso, existe a possibilidade de o investidor optar por converter o crédito que receberá em ações da companhia ao término do contrato ou a qualquer tempo, de acordo com o que estiver estabelecido na escritura.

Debênture permutável

Assim como as conversíveis, as debêntures permutáveis também podem ser trocadas por ações. Porém, neste caso, os papéis não são da companhia que faz a emissão do título.

Ou seja, as debêntures permutáveis permitem que o investidor receba ações de outra empresa como pagamento da dívida.

Debênture incentivada

As debêntures incentivadas são títulos de dívida emitidos por empresas com o objetivo de captar recursos para financiar projetos de infraestrutura, como rodovias, portos, ferrovias, energia, saneamento, entre outros setores estratégicos para o desenvolvimento do país. O grande diferencial dessas debêntures era a isenção do Imposto de Renda para pessoas físicas sobre os rendimentos recebidos, tornando-as mais atrativas em relação a outros investimentos de renda fixa.

Essa isenção fiscal foi criada como um incentivo do governo para estimular o investimento privado em infraestrutura, facilitando a captação de recursos por parte das empresas. Vale destacar que não é necessário que a empresa seja prestadora de serviços ao governo; basta que o projeto financiado esteja enquadrado nas regras da legislação específica para debêntures incentivadas (Lei nº 12.431/2011).

Mas uma Medida Provisória, que deve ser publicada ainda na segunda semana de junho de 2025, pode acabar com o benefício tributário para pessoas físicas.

A alíquota proposta por Fernando Haddad (ministro da Fazenda) é de 5% de IR — ando a valer a partir de 2026. Como o texto da MP ainda não foi divulgado, não está claro se a taxação incidirá sobre o estoque atual ou apenas sobre aplicações realizadas a partir do próximo ano.

A taxação de títulos antes isentos é uma alternativa encontrada pelo governo para recalibrar a recente alta do IOF, o Imposto Sobre Operações Financeiras.

Empresas privadas também podem emitir debêntures incentivadas, desde que os recursos sejam destinados a projetos aprovados de infraestrutura. Isso amplia as oportunidades tanto para emissores quanto para investidores interessados em apoiar o desenvolvimento do país e, ao mesmo tempo, obter uma rentabilidade potencialmente superior à de outros títulos, como a poupança ou LCI/LCA.

Debênture perpétua

As debêntures perpétuas são títulos de dívida sem prazo definido para vencimento. Ou seja, diferentemente das debêntures tradicionais, que têm uma data de resgate programada, as perpétuas não exigem que o emissor devolva o valor principal em uma data específica. O investidor, por sua vez, segue recebendo a remuneração periódica (juros ou outros pagamentos) enquanto mantiver o título, de acordo com as condições estabelecidas no momento da emissão.

A remuneração dessas debêntures pode ser pré-fixada, pós-fixada, híbrida ou até participativa, dependendo do contrato de emissão. No entanto, é importante destacar que debêntures perpétuas são raras no mercado brasileiro e costumam ter menor liquidez, ou seja, podem ser mais difíceis de vender antes do resgate pelo emissor.

Os rendimentos das debêntures perpétuas não são isentos de Imposto de Renda, seguindo a tabela regressiva para aplicações de renda fixa.

Debênture participativa

As debêntures participativas são uma modalidade em que a remuneração do investidor está atrelada ao desempenho financeiro da empresa emissora, geralmente à participação em lucros, receitas ou resultados de projetos específicos. Ou seja, o pagamento ao investidor não é fixo, mas depende do sucesso operacional ou financeiro da companhia.

As debêntures participativas também podem ser perpétuas, mantendo o pagamento enquanto houver receitas vinculadas ao projeto. Vale lembrar que, por dependerem do desempenho da empresa, esses títulos podem apresentar maior volatilidade nos rendimentos.

Qual é a diferença entre debêntures e ações?

A principal diferença entre debêntures e ações está no tipo de investimento que cada uma representa. As debêntures fazem parte do segmento de renda fixa: ao adquiri-las, o investidor está emprestando dinheiro para uma empresa, que se compromete a pagar juros e devolver o valor investido no vencimento do título. Já as ações são classificadas como investimentos de renda variável, pois representam uma participação no capital social da empresa. Quem compra ações se torna sócio, podendo ter direito a voto em assembleias e ao recebimento de dividendos, conforme o tipo de ação.

No que diz respeito aos riscos, as ações costumam apresentar maior volatilidade, já que seus preços variam de acordo com o desempenho da empresa e as condições do mercado. Isso significa que é possível obter ganhos elevados, mas também há chance de perdas significativas. As debêntures, por serem títulos de dívida, oferecem uma rentabilidade mais previsível e menor oscilação de preço, especialmente se mantidas até o vencimento. No entanto, elas não estão isentas de riscos: existe a possibilidade de a empresa emissora não honrar os pagamentos, o chamado risco de crédito, além de riscos de mercado e de liquidez.

Em relação à rentabilidade, as ações podem proporcionar retornos superiores no longo prazo, mas com maior exposição a perdas. As debêntures, por outro lado, tendem a oferecer ganhos mais estáveis e previsíveis, embora geralmente inferiores ao potencial das ações.

Em resumo, enquanto as ações são indicadas para quem busca potencial de valorização e está disposto a assumir mais riscos, as debêntures são alternativas para quem prefere previsibilidade e menor exposição à volatilidade, mas ainda assim deseja diversificar seus investimentos.

Quem pode investir em debêntures?

Qualquer investidor pode aplicar em debêntures, desde que o título esteja disponível em uma oferta pública registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou seja negociado em mercados regulamentados. Isso significa que tanto investidores qualificados quanto não qualificados têm o a esse tipo de investimento, mas é fundamental avaliar se o produto é adequado ao seu perfil de risco e objetivos financeiros.

Investidores qualificados – definidos pela legislação como aqueles que possuem investimentos financeiros superiores a R$ 1 milhão, profissionais certificados ou determinadas pessoas jurídicas – podem participar de ofertas restritas, conhecidas como emissões privadas.

Nesses casos, há o a uma gama maior de debêntures, incluindo títulos com características de maior risco e potencial de retorno mais elevado. Já os investidores não qualificados só podem investir em debêntures por meio de ofertas públicas, que am por mais etapas de registro e transparência junto à CVM, mas isso não garante que sejam necessariamente mais seguras; o risco está atrelado à saúde financeira da empresa emissora e às condições do título.

Independentemente do perfil, é essencial que o investidor analise as condições da emissão, as garantias oferecidas, a classificação de risco do emissor e sua própria tolerância a riscos antes de investir em debêntures. Além disso, vale lembrar que debêntures não contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

As debêntures são recomendadas para todos os tipos de investidores? 

As debêntures podem fazer parte da carteira de diferentes investidores, mas não são necessariamente indicadas para todos os perfis. Por se tratarem de títulos emitidos por empresas, apresentam riscos específicos, como a possibilidade de inadimplência da emissora.

Investidores mais conservadores podem considerar esses fatores com cautela, enquanto os com maior tolerância ao risco podem enxergar nas debêntures uma alternativa de diversificação

A decisão de investir deve considerar o conhecimento sobre o produto, os objetivos pessoais e a disposição para lidar com possíveis oscilações ou perdas.

Como escolher as debêntures?

Antes de investir em debêntures, é importante avaliar alguns fatores. Um dos principais é a solidez da empresa emissora, especialmente sua capacidade de gerar caixa e honrar dívidas. 

Também vale observar a classificação de risco (rating) do título. Notas mais altas indicam menor risco de inadimplência, embora os retornos possam ser menores. Além disso, o investidor deve verificar se a emissão está disponível para o público ou apenas para investidores qualificados, o valor mínimo exigido e a liquidez do papel.

Outro ponto importante é entender o tipo de remuneração (prefixada, pós-fixada ou híbrida) e verificar se ela está alinhada com seu perfil de risco e objetivos financeiros. 

Analisar esses critérios ajuda a tomar decisões mais adequadas para o seu perfil e objetivo.

Como investir em debêntures?

Para investir em debêntures é importante seguir alguns os. Acompanhe!

  • Abra conta em uma corretora ou distribuidora autorizada: é necessário estar vinculado a uma instituição financeira que ofereça o ao mercado de debêntures.
  • e as ofertas disponíveis: as debêntures podem ser adquiridas no mercado primário (direto na emissão) ou no mercado secundário (entre investidores).
  • Verifique os detalhes do título: avalie o valor mínimo de aplicação, o prazo, a forma de rentabilidade e os riscos associados.
  • Analise a empresa emissora: como não há cobertura do FGC, é importante considerar o histórico financeiro, a classificação de risco (rating) e a transparência da companhia.
  • Considere os custos envolvidos: os rendimentos das debêntures estão sujeitos ao Imposto de Renda pela tabela regressiva. Além disso, podem existir taxas cobradas pela corretora.
  • Leia o prospecto da emissão: esse documento contém informações importantes sobre as condições da debênture e os riscos do investimento.

Vantagens de investir em debêntures

Investir em debêntures pode trazer diversas vantagens, principalmente para quem busca diversificação e uma rentabilidade interessante dentro do mercado de renda fixa.

  • Rentabilidade atrativa: as debêntures costumam oferecer retornos superiores aos de investimentos tradicionais, como a poupança e títulos públicos.
  • Diversificação de portfólio: investir em debêntures permite diversificar a carteira, adicionando uma alternativa de renda fixa fora do setor bancário, com a possibilidade de incluir empresas de diversos setores.
  • Risco mais baixo em empresas de boa qualidade: quando emitidas por empresas com boa classificação de risco, as debêntures oferecem um risco relativamente controlado, especialmente se comparadas a ações e outros ativos de maior volatilidade.
  • Previsibilidade de retorno: no caso das debêntures prefixadas e pós-fixadas, é possível ter uma boa noção do retorno, dependendo do tipo de taxa de remuneração.

Riscos de investir em debêntures 

Embora as debêntures possam ser uma boa alternativa de investimento, é importante estar ciente dos riscos envolvidos. Veja os principais riscos associados a esse tipo de investimento:

  • Risco de crédito: esse é o risco de a empresa emissora não conseguir honrar o pagamento dos juros ou do valor principal da debênture. Caso a empresa enfrente dificuldades financeiras ou entre em falência, o investidor pode perder parte ou a totalidade do investimento.
  • Risco de mercado: as debêntures estão sujeitas às condições do mercado financeiro, como variações nas taxas de juros e no comportamento da economia. Se as taxas de juros subirem, o valor de mercado das debêntures pode cair, o que afeta a rentabilidade do investimento para quem precisar vender no mercado secundário antes do vencimento.
  • Risco de liquidez: em alguns casos, a liquidez das debêntures pode ser limitada, ou seja, pode ser difícil encontrar compradores para as debêntures caso o investidor queira vender o título antes do vencimento. Isso pode ser um problema em mercados com menos investidores ou em empresas com menor visibilidade.
  • Risco de desvalorização: a desvalorização da empresa emissora no mercado, devido a fatores internos ou externos, pode impactar o preço da debênture no mercado secundário. Isso é especialmente relevante em debêntures não classificadas como grau de investimento, que apresentam maior risco de crédito.

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