Derivativos são instrumentos financeiros cujo valor deriva de outro ativo, como ações, índices, moedas ou commodities. Eles são amplamente utilizados por investidores e instituições para proteção (hedge) ou alavancagem, permitindo estratégias mais sofisticadas de gestão de risco e potencial de retorno.
Apesar de sua complexidade, os derivativos cumprem um papel estratégico no mercado financeiro. Neste conteúdo, você vai entender como funcionam, quais são os principais tipos, os riscos envolvidos e como investir com mais segurança.
O que são derivativos e para que servem?
Os derivativos estão entre os instrumentos financeiros mais utilizados por investidores arrojados, principalmente pela possibilidade de alavancagem e proteção contra riscos. De forma simples, são contratos financeiros cujo valor depende do desempenho de outro ativo, chamado de ativo subjacente.
Esse ativo pode ser um índice de mercado (como o Ibovespa), moedas (como o dólar ou euro), ações de empresas listadas na Bolsa, commodities (como soja, milho, café e ouro) ou ainda taxas de referência.
Entre as principais taxas utilizadas como base para derivativos no mercado brasileiro estão a taxa DI (Depósitos Interfinanceiros), a taxa Selic (taxa básica de juros da economia) e o CDI (Certificado de Depósito Interbancário).
Em suma, os derivativos servem para:
- proteção (hedge) — investidores e empresas utilizam derivativos para se proteger contra flutuações adversas de preços. Por exemplo, um produtor agrícola pode fixar o preço de venda de sua safra futura por meio de contratos futuros, garantindo uma receita previsível independentemente das oscilações de mercado;
- especulação — derivativos permitem que investidores assumam posições alavancadas, apostando na direção futura dos preços dos ativos subjacentes. Essa estratégia busca lucros com base nas expectativas de mercado, mas envolve riscos significativos devido à possibilidade de perdas amplificadas;
- arbitragem — investidores exploram ineficiências de preços entre mercados ou instrumentos relacionados, utilizando derivativos para obter lucros sem risco. Por exemplo, comprando um ativo em um mercado no qual está subvalorizado e vendendo em outro onde está sobrevalorizado, aproveitando a diferença de preços.
Como funcionam os derivativos?
Em geral, os derivativos financeiros são negociados tanto na bolsa de valores brasileira, a B3, quanto no mercado de balcão. Na Bolsa, funcionam por meio de contratos padronizados, nos quais dois investidores se comprometem à compra ou venda de um determinado ativo em prazo determinado e por um valor predefinido. Todos os elementos da negociação, como quantidade, qualidade dos ativos, prazo de liquidação e forma de cotação, são especificados previamente, trazendo maior segurança e transparência para ambas as partes.
No mercado de balcão, os contratos podem ser customizados conforme a necessidade das partes, mas também devem ser registrados na B3 para garantir transparência e segurança jurídica.
Derivativos são usados tanto para proteção (hedge) contra oscilações de preços quanto para estratégias de especulação e alavancagem. Tradicionalmente, investidores institucionais e empresas são os principais usuários, mas o o por investidores pessoa física vem crescendo no Brasil.
Independentemente do tipo de derivativo, o valor do contrato sempre depende do desempenho de um ativo subjacente, como ações, índices, moedas, commodities ou taxas de referência.
Quais são os tipos de derivativos?
Os quatro tipos mais comuns de derivativos são os seguintes:
- mercado a termo;
- mercado futuro;
- mercado de opções;
- swaps.
A seguir, entenda melhor como cada uma dessas modalidades funciona.
Mercado a termo
No mercado a termo, ambas as partes envolvidas na negociação fazem um compromisso de compra e venda de um determinado ativo real (mercadoria) em quantidade e qualidade preestabelecidas.
Com isso, o investidor e o vendedor tendem a permanecer no investimento até a data final do contrato, quando o comprador paga pelo ativo e o vendedor o entrega, sendo concluída a negociação.
Exemplo de mercado a termo
Uma negociação de um contrato de compra e venda de um lote padronizado de café para entrega em 60 dias pode ser um bom exemplo. Nesse cenário, o investidor assume a responsabilidade de comprar o lote após a conclusão desses 60 dias.
Como o valor a ser pago pelo ativo foi preestabelecido, mesmo que o preço do café sofra variações durante o período, o investidor paga o valor acordado anteriormente, e a outra parte faz valer o seu compromisso de venda.
Aplicações
O mercado a termo pode ser utilizado tanto para mercadorias (commodities) quanto para ativos financeiros, como ações e moedas. Esses contratos podem ser negociados na bolsa de valores – onde são mais comuns para ações – ou no mercado de balcão, que oferece maior flexibilidade em relação a prazos e tipos de ativos.
Mercado futuro
O mercado futuro funciona de forma semelhante com o mercado a termo. A diferença é que no mercado futuro os preços são ajustados diariamente.
Isso significa que todos os dias são apuradas as alterações de preços dos ativos para contabilizar as perdas e ganhos dos envolvidos, que podem permanecer no investimento ou sair, dependendo das condições e das expectativas de cada parte.
Vale observar que o investidor que aplica em derivativos no mercado futuro não está comprando o ativo em si, mas o direito sobre as oscilações do valor daquele produto.
Esse tipo de derivativo precisa de depósito de garantia, tem custo mais elevado do que os contratos do mercado a termo e pode trazer mais instabilidade ao fluxo de caixa do investidor.
Exemplo de mercado futuro
Um bom exemplo é considerar uma negociação de mercado futuro do dólar. Quando se adquire um contrato futuro de dólar, há possibilidade de lucros quando a moeda se valorizar. E o contrário também vale: na venda de um contrato futuro, o investidor pode ter lucro caso o dólar se desvalorize.
Mercado de opções
Nesta modalidade de derivativo, chamada mercado de opções, é negociado o direito de compra (call) ou venda (put) de um ativo – que pode ser uma aplicação financeira ou uma mercadoria – por um preço fixo em uma data futura. Para adquirir esse direito, o investidor (titular) paga ao vendedor (lançador) um valor chamado prêmio. O titular tem o direito, mas não a obrigação, de exercer a opção na data acordada.
O vendedor (lançador) da opção, por sua vez, tem a obrigação de cumprir o contrato caso o titular decida exercer o direito.
Exemplo de mercado de opções:
Imagine que um investidor queira garantir o direito de comprar um lote de ações por R$ 10 mil daqui a 6 meses. Ele paga um prêmio de R$ 2 mil ao lançador. Ao final do prazo, se o preço das ações estiver acima de R$ 10 mil, o titular pode exercer seu direito, comprando o lote pelo valor acordado. O custo total será R$ 10 mil (preço das ações) + R$ 2 mil (prêmio), totalizando R$ 12 mil. Se o preço das ações estiver abaixo de R$ 10 mil, ele pode optar por não exercer a opção, perdendo apenas o prêmio pago.
Assim, o prêmio é o custo do direito adquirido e não uma caução ou garantia. O mercado de opções é uma ferramenta importante tanto para proteção quanto para estratégias de investimento mais sofisticadas.
Swaps
Os swaps são a modalidade mais institucional de derivativos. Ou seja, grandes empresas, governos e instituições usam esse instrumento para, basicamente, se proteger de cenários de incerteza.
Em linhas gerais, há uma troca de rentabilidade entre dois ativos diferentes, considerando os objetivos de cada parte. No swap, a operação é finalizada apenas ao fim do contrato.
Exemplo de swaps
Para entender melhor, vamos a um exemplo simples e bastante comum para quem usa os swaps: um contrato de swap de uma determinada ação contra o dólar.
Se, na data de vencimento do contrato, a ação se valorizar menos que o dólar, o comprador da ação (que vendeu o dólar) receberá a diferença de rentabilidade. Porém, se o retorno do dólar for maior que a variação da ação, quem ganha a diferença é quem comprou dólares e vendeu as ações.
Por que investir em derivativos?
Os derivativos são usados, majoritariamente, por causa de fatores específicos que os tornam bastante diferentes de outras opções de investimento.
Mesmo que sejam alguns dos instrumentos financeiros mais complexos do mercado, há bons argumentos a favor de manter uma estratégia em derivativos, principalmente para grandes investidores e empresas.
Proteção aos riscos
Contratos futuros e contratos de opções podem alterar o risco de investir no mercado à vista. Um investidor que tem um ativo pode se proteger vendendo um contrato futuro ou comprando uma opção de venda, por exemplo, compensando perdas no mercado à vista.
O mercado de derivativos é bastante conhecido principalmente por oferecer essa proteção para quem sabe operar esses contratos, pois permitem trocar o risco entre investidores. Isto é, quem deseja reduzir o risco pode transferi-lo para quem quer assumi-lo.
Vantagens operacionais
Os derivativos têm custos de transação mais baixos e maior liquidez em comparação ao mercado à vista da Bolsa. Além disso, com uma boa garantia, é possível investir em um lote considerável com menos dinheiro do que no mercado à vista. Por outro lado, isso também aumenta os riscos, pois, assim como os ganhos podem ser maiores, as perdas também podem.
Quais os riscos dos derivativos?
Uma das principais desvantagens do uso de derivativos é a complexidade das operações. Os termos e condições dos contratos podem ser difíceis de entender, monitorar e executar. Isso significa que qualquer erro por falta de conhecimento pode acarretar grandes perdas de patrimônio.
- Risco de mercado: é a possibilidade de perdas devido a flutuações nos preços dos ativos subjacentes. Como os derivativos derivam seu valor de outros ativos, mudanças inesperadas no mercado podem impactar significativamente seu valor;
- Risco de liquidez: é a dificuldade de comprar ou vender um derivativo sem afetar significativamente seu preço. Em mercados com baixa liquidez, pode ser desafiador encerrar posições rapidamente, o que pode resultar em perdas;
- Risco de crédito: envolve a possibilidade de inadimplência por parte de uma das contrapartes no contrato de derivativo. Se uma das partes não cumprir suas obrigações, a outra pode sofrer prejuízos;
- Risco operacional: são as possíveis falhas nos sistemas, processos ou controles internos das instituições que operam com derivativos. Erros humanos, falhas tecnológicas ou fraudes podem resultar em perdas financeiras.
É fundamental que os investidores compreendam esses riscos e adotem estratégias adequadas de gestão para mitigá-los.
Além disso, os derivativos permitem alavancagem, ou seja, investir um valor superior ao capital disponível, desde que sejam depositadas garantias exigidas pela Bolsa. Como falamos, essa estratégia pode aumentar os lucros baseada nas expectativas de mercado, mas também pode gerar perda superior ao patrimônio investido.
Como investir no mercado de derivativos?
O o a o para começar a investir em derivativos é relativamente simples e envolve entender o seu perfil de investidor, escolha de uma corretora, definição de uma estratégia e monitoramento de seus investimentos.
1. Entenda qual é o seu perfil de investidor
Assim como em todo tipo de investimento, entender o perfil de investidor é o primeiro o. Com o cadastro preenchido de forma fidedigna e sincera, é possível saber se as flutuações do mercado e os riscos podem ser assumidos. Isso varia entre investidores conservadores e investidores mais agressivos.
2. Escolha uma corretora de investimentos
Outro o primordial é ter confiança na corretora de investimentos escolhida para fazer suas operações. É preciso que a plataforma de negociação seja fácil de usar, intuitiva, rápida e com um nível de e ao investidor bastante satisfatório.
A avaliação de quem já usa é um bom termômetro para saber se a corretora é boa ou não. É possível também abrir conta e fazer testes simples para sentir como é investir por meio da plataforma.
3. Faça uma análise dos derivativos e defina suas estratégias
Como vimos ao longo do conteúdo, há alguns tipos de derivativos. Alguns deles podem ser operados por investidores pessoa física, porém, mesmo assim, é necessário um bom conhecimento que esteja de acordo com os riscos das operações.
Só com uma boa estratégia é possível limitar as perdas e se proteger, de fato, da volatilidade do mercado. Por isso, acompanhe de perto a performance das operações com derivativos. Isso pode ser feito por meio de relatórios periódicos disponibilizados pela corretora, que apresentam o desempenho da carteira, a variação de preços dos contratos, os ajustes diários e o nível de exposição a riscos.
Indicadores como margem de garantia, valor de mercado dos contratos e variação percentual ajudam o investidor a entender se a estratégia está sendo eficiente. Ferramentas gráficas e simuladores também são úteis para antecipar movimentos de mercado e ajustar posições quando necessário.
Quem fiscaliza os derivativos?
Os contratos derivativos são regulados e fiscalizados pela Comissão de Valores Mobiliários, mais conhecida pela sigla CVM.
Essa é uma entidade autárquica vinculada ao Ministério da Fazenda do Governo Federal. Criada em 1976, a CVM tem como função a disciplina, fiscalização e desenvolvimento do mercado de valores mobiliários brasileiro.
Segundo a regulação, a negociação dos derivativos pode ser feita em mercados organizados (bolsa de valores ou mercado de balcão), ou de forma bilateral entre as partes envolvidas.